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HISTÓRIA DA MÚSICA

 

Não se pode jamais falar sobre música sertaneja raiz sem mencionar Cornélio Pires e o caminho por ele desbravado - e que por outros também foi trilhado -, pois foi graças a ele que chegaram aos discos as primeiras gravações dos genuínos caipiras, a partir de 1929.
"Cornélio Pires" nasceu em 13 de julho de 1884 na chácara de seus tios no Bairro de Sapopemba em Tietê, estado de São Paulo.
Filho de Raimundo Pires e Anna Joaquina de Campos (Dona Nicota). Segundo confidenciou a amigos posteriormente, devia chamar-se Rogério, mas na hora o padre, velho e surdo, ouvindo muito mal entendeu Cornélio, e assim ficou.
Morou também em Santos, Botucatu e Piracicaba, exercendo atividades de tipógrafo, repórter, professor de educação física.
Em 1910 lança seu primeiro livro "Musa Caipira" com enorme sucesso. Produziu um total de 24 livros onde se destacavam: "Quem Conta um Conto", "Cenas e Paisagens de Minha Terra", "Conversas ao Pé do Fogo", entre outros.
Corria o ano de 1929, o Brasil enfrentava uma crise semelhante a esta em que vivemos hoje. Cornélio já firmava nome ao lado de Setúbal, Valdomiro Silveira entre outros.
Como abraçara o dialeto caipira desde 1910 com "Musa Caipira" botou a idéia na cabeça de que também devia colocar em discos as suas anedotas e a autêntica música caipira. Já residia em Piracicaba, e sabia que lá existia autênticos cantadores e violeiros. Já fizera apresentações com Nitinho e Sorocabinha. Então tentou gravar, mas as gravadoras não aceitavam o gênero caipira. Cornélio insistiu e bancou do próprio bolso uma gravação de 6 discos (de 5 mil de cada disco). Pagou adiantado, foi à Piracicaba e lá organizou a sua famosa "Turma Caipira Cornélio Pires", que na sua primeira fase era composta por Arlindo Santana e Sebastiãozinho (Sebastião Ortz de Camargo), Zico Dias e Ferrinho, Mariano da Silva e Caçula, Mandi e Sorocabinha (Olegário José de Godoy). Os discos saíram em maio de 1929 com 9 números de humorismo interpretados pelo próprio Cornélio Pires e mais 3 danças paulistas, - um samba paulista, um desafio, e intercalados uma cana verde e um cururu pela "Turma Caipira Cornélio Pires".
Já no segundo suplemento de 5 discos, foi que a dupla Mariano e Caçula gravou e lançou em outubro de 1929 a primeira moda-de-viola gravada no Brasil "Jorginho do Sertão". A segunda música gravada foi "A Moda do Peão" (Oi Vida Minha) e a terceira foi "Bigode Raspado", todas por Mariano e Caçula. Cornélio e sua turma caipira, viajaram por vários municípios do interior de São Paulo.
Fizeram apresentações na capital sempre com muito sucesso. Tinha de repetir as apresentações, a pedido do público. O fracasso em que o diretor da gravadora Colúmbia apostou, não aconteceu. As pessoas faziam filas na gravadora tentando adquirir os discos. Saíram reedições dos discos. Gravou 104 músicas em 52 discos de 78 rotações, de 1929 a 1930.
Esses discos além da "Turma Caipira Cornélio Pires" trazia músicas de Raul Tôrres, com o pseudônimo de Bico Doce, e de Paraguassu, com o pseudônimo de Maracajá, e também de outros artistas que gravaram na "Série Cornélio Pires", - discos de selo vermelho, que só Cornélio podia vender.
Novas duplas surgiram, tais como: Nhô Pai e Nhô Fio, Xerém e Tapuia, Palmeira e Piraci, Alvarenga e Ranchinho, entre outros.
Cornélio Pires saía com dois carros anunciando as apresentações e lançamento do disco. Um dos carros ia apertadinho de discos e livros.
Lançada a semente do sucesso, foi aparecendo mais gente e melhorando tudo, definitivamente, o grande público começou então, a ouvir a música dos caipiras. Nas décadas seguintes, apareceram grandes nomes e bons compositores, melhoraram o lingüajar falado e escrito, a música deixou de ser folclore para chamar-se "música sertaneja". Cornélio ficou conhecido como o "Bandeirante do Folclore Paulista".
Morreu em São Paulo, em 17 de fevereiro de 1958, aos 74 anos.

 

DÉCADA DE 20 

 

Não se pode jamais falar de música caipira sem mencionar o nome de Cornélio Pires, que foi através dele que o caipira chegou à mídia. A música caipira existe há muitos anos, porém não era divulgada.
Cornélio Pires em 1910 escreveu seu primeiro livro por nome "Musa Caipira". Na época ele foi apontado como louco, por escrever um livro voltado para o homem do campo, quando no Brasil 83% da população era analfabeta. Muitos outros livros vieram durante toda a década de 10 e 20, até que em 1929, Cornélio Pires foi mais além. Desta vez ele quis trazer o caipira para o mundo fonográfico.
Foi então que ele procurou na época o diretor da Gravadora Colúmbia, que achou um absurdo a idéia de gravar caipira. Pediu-lhe um alto valor antecipado pra gravar uma tiragem de apenas 1000 discos e a distribuição seria por conta do próprio Cornélio, com a intenção de que ele desistisse da idéia.
Mas Cornélio não desistiu. Voltou pro interior, e conseguiu emprestado uma determinada quantia pagando antecipado 6 discos (de 5 mil de cada disco). Foi então que em maio de 1929 é lançado no mercado os seis primeiros discos de 78 rotações da "Turma Caipira Cornélio Pires", que na sua primeira fase era composta por Arlindo Santana e Sebastiãozinho (Sebastião Ortz de Camargo), Zico Dias e Ferrinho, Mariano da Silva e Caçula, Mandi e Sorocabinha (Olegário José de Godoy).
Nesta primeira etapa saiu com 9 números de humorismo interpretados pelo próprio Cornélio Pires e mais 3 danças paulistas, - um samba paulista, um desafio, e intercalados uma cana verde e um cururu.
Cornélio encheu o carro de discos e saiu pro interior pra divulgar e vender os discos, e pra grande surpresa de todos foi o maior sucesso.
No segundo suplemento de 5 discos, foi que a dupla Mariano e Caçula gravou e lançou em outubro de 1929 a primeira moda-de-viola gravada no Brasil "Jorginho do Sertão". Cornélio e sua turma caipira, viajaram por vários municípios do interior de São Paulo.
Fizeram apresentações na capital sempre com muito sucesso. Tinha de repetir as apresentações, a pedido do público. O fracasso em que o diretor da gravadora Colúmbia apostou, não aconteceu. As pessoas faziam filas na gravadora tentando adquirir os discos.
Foram gravadas no total 104 músicas em 52 discos de 78 rotações, de 1929 a 1930.
Foi na Turma Caipira Cornélio Pires que surgiu Raul Tôrres, que usava na época o nome de Bico Doce.
Portanto a Década de 20 foi o início da Revolução Musical Caipira.

 

DÉCADA DE 30

 

Foi na década de 30 que ocorreu a formação das primeiras duplas caipiras, tais como:
- Arlindo Santana e Joaquim Teixeira
- Alvarenga e Ranchinho
- Irmãos Laureano
- Jararaca e Ratinho
- Mariano e Cobrinha
- Raul Torres e Serrinha
- Torres e Florêncio
Como compositor surge João Pacífico, autor de grandes sucessos como "Cabocla Tereza", "Chico Mulato" e "Pingo D’água".
Foi nesta década também que se revelou no cenário caboclo Ariowaldo Pires, mais conhecido como Capitão Furtado.
Raul Torres foi ao Paraguai em 1935 e reivindicou a introdução dos rasqueados e guarânias na música caipira, que nesta época era chamada de música sertaneja.

 

DÉCADA DE 40

 

A década de 1940 foi a época da consolidação da música caipira.
Foi nesta década que começou a surgir os grandes nomes da música caipira que a eternizaram para sempre, tais como:
- Anacleto Rosas Júnior, compositor de sucessos como "Cavalo Preto" e "Os Três Boiadeiros".
_ Carreirinho, grande compositor e grande cantador, que fez dupla com Zé Carreiro durante mais de duas décadas. Consagraram-se com os sucessos "Canoeiro" e "Ferreirinha".
_ Cascatinha e Inhana, dupla premiada e referência de sucesso. O duo com o dueto mais perfeito de todos os tempos.
_ José Fortuna, autor, dentre outros grandes sucessos, da adaptação da guarânia Índia, interpretada por Cascatinha e Inhana. Foi um dos maiores poetas de toda a história da música sertaneja. Ao lado de seu irmão Pintangueira, alegrou o Brasil durante muitos anos com suas belas interpretações.
_ Lourival dos Santos, que deixou grande nome na história. Entre seus grandes sucessos destacamos "Pagode em Brasília", que foi o maior marco de sua carreira.
_ Mário Zan, italiano de nascimento e caipira de coração, criador da música "Chalana".
_ Nhô Pai, compositor de grandes sucessos, entre eles "Beijinho Doce".
_ Palmeira, que além de grande compositor também formou dupla com Piracy, depois com Luizinho, e por último com Biá. Na década seguinte se tornou diretor musical da gravadora Chantecler e criou em 1959, o selo sertanejo.
_ Tonico e Tinoco, dupla de irmãos: sinônimo de sucesso e autenticidade. Considerada a maior e melhor dupla sertaneja de todos os tempos.
Tonico e Tinoco é uma dupla que dispensa qualquer apresentação. Foram eles que consolidaram a música sertaneja para sempre. É a dupla mais completa, que conquistou várias gerações, deixando uma legião de fãs e admiradores por onde passaram. Entre seus grandes sucessos destacamos "Moreninha Linda", "Cana Verde", "Curitibana", "Cabelo de Trança", "Cabocla", "Pé de Ipê", Eu e a Lua", "Adeus Morena Adeus", "Chico Mineiro", "Tristeza do Jeca" entre tantos outros. Além de grandes intérpretes, foram também atores de cinema e de teatro, onde atuaram em 7 filmes, e levaram 25 peças teatrais em suas apresentações circenses durante mais de 40 anos. São considerados "A Dupla Coração do Brasil".

 

DÉCADA DE 50

 

A década de 50, foi considerada o Período de Ouro da Música Caipira, pois foi nesta década que surgiu parte dos grandes nomes da música caipira, tais como:
_ Teddy Vieira, compositor do primeiro escalão caipira, e foi o responsável pelo surgimento da maioria das duplas desta década.
_ Vieira e Vieirinha, levaram a catira (que andava meio esquecida) para a música caipira. Iniciaram a carreira em 1950, com a ajuda de Tonico e Tinoco e de Teddy Vieira.
_ Zico e Zéca, iniciaram a carreira em 1953, com a ajuda de Teddy Vieira, e fizeram sucesso durante muitos anos.
_ Inezita Barroso, a paulista de classe média apaixonada por cultura caipira. Iniciou sua carreira em 1953.
_ Pedro Bento e Zé da Estrada, dupla que trouxe a cultura mexicana para a música caipira. Exageraram nos trajes e trejeitos mexicanos, tendo iniciado a carreira em 1954.
_ Irmãs Galvão, iniciaram a carreira profissional em 1955.
_ Tião Carreiro e Pardinho, entre idas e vindas, uma dupla que transcendeu o tempo e balançou o chão brasileiro. Iniciaram a carreira em 1956, também com a ajuda de Teddy Vieira.
_ Leôncio e Leonel, Sulino e Marrueiro, e Zilo e Zalo, iniciaran a carreira em 1956 também com a ajuda de Teddy Vieira.
_ Liu e Léu, irmãos de Zico e Zéca e primos de Vieira e Vieirinha, iniciaram a carreira em 1957, também com a ajuda de Teddy Vieira.
_ Elpídio dos Santos, autor das canções de 23, dos 32, filmes de Mazzaropi.
Outros grandes talentos também surgiram nesta década, como: Biá, Goiá, Dino Franco, Zacarias Mourão, Teixeirinha, Caçula e Marinheiro, Zé Fortuna e Pitangueira, Brasão e Brasãozinho, Silveira e Barrinha, Campanha e Cuiabano, Duo Ciriema, Duo Guarujá, Duo Glacial, Nenete e Dorinho, Nonô e Naná, entre tantos outros.
Todas as décadas foram de extrema importância na música raiz, mas foi na década de 50 que surgiu a maioria dos grandes nomes, e a música caipira começou a ganhar mais espaço no rádio.
Foi na década de 50 também que surgiu a TV no Brasil, e também pela extinta TV Tupi teve as primeiras apresentações caipiras.
Tonico e Tinoco participaram da inauguração da TV Tupi.
Foi no ano de 1958 que surgiu a primeira revista voltada pro estilo caipira, por nome "Revista Sertaneja" pela extinta Editora Prelúdio, a qual foram lançados 20 volumes entre os anos de 1958 e 1959.
Foi na década de 50 também que o caipira ganhou espaço no cinema brasileiro, com Mazzaropi.

 

DÉCADA DE 60

 

A década de 60, foi o início da desaceleração.
A música caipira começou a perder espaço com o avanço da televisão, principalmente para a bossa nova.
Foi uma década também marcada por importantes festivais, como o da Rádio Nacional, onde se revelaram alguns novos valores.
Mesmo havendo esta perda de espaço com o avanço da tecnologia, foi uma década muito importante na música sertaneja.
Foi nesta década que surgiram Craveiro e Cravinho, Belmonte e Amaraí, Abel e Caim, Canário e Passarinho, Lourenço e Lourival, Gilberto e Gilmar, entre outros.
Como compositores destacam-se nesta década Luiz de Castro e José Caetano Erba.
Em 1963 a dupla Tonico e Tinoco decidem ir para o cinema e estréiam com "Lá No Meu Sertão", gravado na cidade de Descalvado/SP, nas Fazenda da Lagoa Alta e Fazenda Santa Maria. Neste filme Tonico e Tinoco contam a sua própria história até o momento.
Em 1965 participam do Filme "Obrigado a Matar", gravado na cidade de Bofete/SP. Este filme foi baseado na Lenda de Chico Mineiro. O nome “Chico Mineiro”, não pode ser utilizado, porque o senhor Francisco Ribeiro, um dos compositores da música, não autorizou o uso do nome. É a história de dois irmãos que separaram ainda pequenos, e quis o destino que se encontraram muitos anos depois, e somente a morte revelou o parentesco entre eles.
Em 1969, Tonico e Tinoco voltam às telas do cinema com "A Marca da Ferradura", gravado na Aldeinha de Carapicuíba/SP.
Estória Baseada na Peça Teatral "A Marca da Ferradura", de autoria de Oliveira Filho e Tonico, contando que um homem cruel, que matara a mulher por ciúmes e que odeia a filha cega, domina a região rural do interior de São Paulo. Regressando à cidade depois de muitos anos, Tonico e Tinoco disfarçam-se em mascarados e procuram fazer justiça. O homem cruel, num último acesso de fúria, se converte quando a filha, no altar de Nossa Senhora, recupera a visão.
A década de 60 foi uma época de reformulação da música caipira, onde passou a ser usada guitarra e instrumentos elétricos nas gravações, tornando-a mais moderna.
Eu classifico a década de 60 como sendo já a segunda geração da música sertaneja.
Sim, digo sertaneja, porque a partir daí ela vai deixando de usar o nome de caipira e passando a usar o nome de sertaneja, devido as influências e novos ritmos que passam a fazer parte do gênero.
Mas isso não significa que nossos tradicionais artistas se converteram. Muito pelo contrário, pois quando a gravadora Continental exigiu que Tonico e Tinoco colocassem guitarra elétrica em suas gravações, eles ficaram sem gravar durante dois anos.

 

DÉCADA DE 70

A década de 70 foi uma época de grandes mudanças na música sertaneja. Foi a década dos últimos suspiros de uma época áurea.
De 1970 pra frente a música caipira vêm atravessando caminhos tortuosos. O movimento de “modernização” da música caipira culminou com o nascimento do chamado “jovem sertanejo”, que trouxe instrumentos eletrônicos e composições que nada tem a ver com o ambiente e a vida do caipira.
Porém teve muitos acontecimentos marcantes nesta década, como o surgimento do programa "Linha Sertaneja Classe A" em 1973 e do programa "Zé Béttio" pela Rádio Record de São Paulo, os quais foram líderes de audiência durante muitos anos.
Apesar de toda essa modernização ainda surgiram boas duplas defendendo a tradição caipira, como é o exemplo de Taviano e Tavares, Zé do Cedro e João do Pinho, Ronaldo Viola e João Carvalho, João Mulato e Douradinho, Irmãs Freitas, André e Andrade, Cacique e Pajé, Lorito e Loreto, entre outros.
Já na categoria moderna surgiram Milionário e José Rico, Trio Parada Dura, João Mineiro e Marciano, Duduca e Dalvan, Juliano e Jardel, Joaquim e Manuel, entre outros.
Cézar e Paulinho também surgiu nesta época. Iniciaram cantando músicas raízes, depois também aderiram ao movimento modernista.
Em 1974 o cantor Renato Teixeira grava a música "Romaria", a qual serviu pra ganhar mais espaço e quebrar certos preconceitos que ainda existiam em relação ao caipira.
Foi nesta década também que começamos perder nossos grandes valores, como por exemplo: Raul Torres, Zé Carreiro, Alvarenga, Marrueiro, Capitão Furtado, Serrinha, entre outros.
Tonico e Tinoco por serem a dupla mais tradicional e mais completa de toda história da música sertaneja lançam em 1978 em disco a sua auto-biografia no LP "36 Anos de Vida e Glória".
Outro grande acontecimento nesta década foi a apresentação da dupla Tonico e Tinoco no Teatro Municipal em 1979, coisa que jamais acontecia: uma dupla caipira adentrar o Teatro Municipal de São Paulo. E pra surpresa de todos foi o maior sucesso, e o fracasso que o pessoal do teatro esperava não aconteceu.

 

DÉCADA DE 80

 

Na década de 80, aconteceram fatos marcantes na história da música sertaneja. Como por exemplo, em março de 1980 estréia na TV Cultura o Programa Viola Minha Viola, incialmente apresentado por Nonô Basílio e Moraes Sarmento, depois por Moraes Sarmento e Inezita Barroso, e depois só por Inezita Barroso que permaneceu no comando do programa até o seu falecimento ocorrido em 08 de março de 2015. Esta foi uma das maiores conquistas da música sertaneja.
Nesta década a Rede Globo de Televisão abre espaço pra música sertaneja raiz, que até então nunca cedeu espaço algum.
Em 1982, Sérgio Reis passa a atuar na novela "Paraíso", e aos domingos Rolando Boldrin passa a apresentar o programa "Som Brasil" trazendo importantes nomes da música sertaneja raiz, depois passando a ser apresentado por Lima Duarte.
O SBT também rompe os preconceitos e abre uma programação sertaneja aos domingos e segundas-feiras. Aos domingos a dupla Tonico e Tinoco apresenta o programa "Festa na Roça", entre outros programas que passam a fazer parte da grade de programação.
Alguns grandes nomes também surgiram nesta década, como foi o caso do violeiro, cantor e compositor Almir Sater.
Apesar de todas essas evoluções, foi também nesta década que começou a deturpar a verdadeira cultura caipira, com o surgimento de novas duplas gravando músicas comerciais, visando somente o lucro e com isso acabando com a qualidade. Surge então o famoso "jabá" que veio acabar com tudo. As grandes emissoras de rádios só tocam se pagarem um alto valor, com isso tirando o espaço daqueles que lutam dignamente. Surge os cachês milionários e passam a tomar conta de todas as festas, fechando o espaço dos artistas que lutam há anos. Os circos começam a perder espaço e aos poucos foi entrando em extinção.

 

DÉCADA DE 90

 

Na década de 90, infelizmente foi marcada por muitas perdas na música sertaneja. Grandes nomes que muito contribuíram pra nossa verdadeira cultura caipira passam para o andar de cima como Vieirinha, Tião Carreiro, Tonico, Cascatinha, Moacyr dos Santos, Lourival dos Santos, Pajé, Silveira, Nhá Gabriela, Peão Carreiro, Nonô Basílio, João Pacífico, Ranchinho, Ranchinho II, Sorocabinha, Moreno, Barrerito, Brioso, Xavantinho, João do Pinho e Zé Côco do Riachão.
Foi nesta década também que começaram a se perder nossos valores, pois a máfia da mídia entra em ação, esmagando a nossa cultura e tirando o espaço dos nossos artistas. As grandes emissoras de rádio e televisão passam a aderir o famoso “jabá”.
Os circos que até então era de fundamental importância para o sustento de muitos artistas, começa a entrar em extinção, surgindo então as festas de peão e feiras agropecuárias.
A música sertaneja passa a perder a qualidade, começa-se a gravar as chamadas “músicas comerciais”, e diversos ritmos que nada tem a ver com a nossa raiz passam a ser gravados. As verdadeiras raízes começam a perder a sua essência, e os “sertanojos” invadem o mercado, tirando o espaço daqueles que tanto lutaram pra conseguir o seu espaço. As grandes emissoras de rádios e TVs e as grandes festas aderiram ao movimento dos falsos “sertanejos”, e surgem os cachês milionários.
A alta tecnologia trouxe a facilidade, porém acabou com a qualidade.

 

NOVO MILÊNIO

 

Infelizmente de 2000 pra cá, inúmeros artistas que representam a música sertaneja raiz nos deixaram, e muito poucos artistas defendendo a nossa tradição surgiu desde então.
Entre os poucos que surgiram neste novo milênio, destacamos Muniz Teixeira e Joãozinho, Lucas Reis e Thácio, Otávio Augusto e Gabriel, Fernando e Osmair, Marcos Violeiro e Cleiton Torres, entre outros.
O mercado foi invadido por um novo estilo musical, que recebeu o nome de "sertanejo universitário", que na verdade de sertanejo não tem nada. Na minha opinião isso não passa de um "lixo musical". Músicas que denigrem a imagem da mulher.
Sertanejo não é nada disso. O verdadeiro sertanejo é aquele que defende as nossas raízes, que representa o homem do campo.
Antigamente se mostrava as coisas bonitas da roça pro povo da cidade, porém hoje se mostra a pouca vergonha da cidade para o povo da roça.
Acho que todos tem o direito de sobreviverem e há espaço pra todos, mas o que não aceito é que usem o nome do "sertanejo" de maneira indevida, como é o caso desses "falsos sertanejos". Pois que dêem outro nome pra esse estilo musical, e não de sertanejo.
Vamos respeitar a memória daqueles que tanto batalharam pra abrir esse espaço, que enfrentaram a dura vida e os preconceitos da época. Com toda essa facilidade e tecnologia que tem nos dias de hoje, deveria se fazer um uso melhor das oportunidades.
O espaço na mídia está cada vez mais escasso, mas por outro lado com o avanço da tecnologia, através da internet se abriu um novo espaço, através das web rádios e sites que contam a história da verdadeira música raiz. E são essas web rádio e sites que ainda salvam a nossa tradição.
Entre as web rádios destacamos a Ser Tão Brasil, Web Music, Viola de Ouro, Viola Viva, entre outras. E entre os sites que defendem a música caipira, destacamos o Recanto Caipira, Clube do Caipirão e o Ricardinho Boa Música.

 

Texto: Sandra Cristina Peripato

 

 

História da Música Sertaneja